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Movimento sindical bancário repudia atitudes de Pedro Guimarães, acusado de assédio sexual

SÃO PAULO (29/JUNHO/2022) – Após se tornar pública a acusação de assédio sexual feita por diferentes empregadas da Caixa Econômica Federal ao presidente Pedro Duarte Guimarães, a Federação dos Bancários de São Paulo e Mato Grosso do Sul (Feeb-SP/MS), se solidariza com as vítimas e manifesta repúdio e pedido de afastamento. O Sindicato dos Bancários de Araçatuba e Região é filiado à Feeb-SP/MS e apoia as suas iniciativas.

A informação ganhou repercussão nacional na noite de ontem (28/06). Além repercussão na imprensa, a denúncia ganhou destaque nos meios políticos, em especial no Congresso Nacional, onde vários parlamentares se pronunciaram em plenário e solicitaram o pedido de demissão do executivo.

ENTENDA O CASO:
De acordo com a reportagem do portal de notícias Metrópoles, o silêncio foi rompido no fim do ano passado, quando um grupo de empregadas que trabalham ou trabalharam em equipes diretamente ligadas ao gabinete da presidência da Caixa, decidiram fazer a denúncia do assédio a que vinham sendo submetidas ao Ministério Público Federal, que desde então, trabalha nas investigações em sigilo. A identidade das vítimas foi preservada nas reportagens. Entre os relatos estão toques em partes íntimas sem consentimento, abordagens inconvenientes, convites incomuns e desrespeitosos, incompatíveis com a relação entre o presidente do maior banco público do país e suas empregadas.

A maior parte dos testemunhos está ligada a atividades do programa Caixa Mais Brasil, realizadas em vários locais de todas as regiões do país. O programa acumula, desde 2019, mais de 140 viagens, a maioria aos finais de semana, em que estavam Pedro Guimarães e equipe. De acordo com a reportagem, “Mulher bonita é sempre escolhida para viajar”. A escolha das mulheres que integram a comitiva de Pedro Guimarães nas viagens do programa Caixa Mais Brasil é feita diretamente pelo gabinete dele, denunciam as funcionárias. As selecionadas, segundo relatos, são comunicadas como quem recebe um prêmio.

Nesses eventos profissionais, todos ficam hospedados no mesmo hotel, ocasião em que ocorria o assédio. Pedro Guimarães foi procurado pela coluna, mas não aceitou falar até a publicação desta reportagem. A Caixa enviou uma nota na qual diz não ter conhecimento das denúncias (leia a íntegra ao final da reportagem).

Para o secretário geral da Feeb SP/MS, Reginaldo Breda, o afastamento do cargo deve ser imediato. “Os relatos são fortes. Tendo em vista a gravidade do caso, exigimos investigação imediata e afastamento do cargo do então presidente da Caixa, a fim de preservar a integridade e a segurança das vítimas”, disse o secretário.

O Comando Nacional colocou toda a estrutura sindical do país à disposição das vítimas para proteção institucional irrestrita e imediata. A Comissão Executiva dos Empregados da Caixa enviará um ofício ao Ministério da Economia pedindo negociações para cobrar o afastamento de Pedro Guimarães, apuração independente do gravíssimo caso e proteção às trabalhadoras.

FENAE
A Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa (Fenae) também reforçou em nota o pedido de afastamento imediato de Pedro Guimarães enquanto correm as investigações em respeito à segurança de todos os empregados do banco. A Fenae se solidariza com as vítimas e enfatiza que “a violência contra as mulheres, em qualquer nível, contraria todos os valores e princípios da Caixa, assim como seu histórico na promoção da igualdade e do respeito aos direitos humanos”.

Confira alguns testemunhos:
“Ele trata as mulheres que estão perto como se fossem dele.”

“Ele já tentou várias vezes avançar o sinal comigo. É uma pessoa que não sabe escutar não.”

“Ele me chamou para ir para sauna com ele. Perguntou: ‘Você gosta de sauna?’. Eu disse: ‘Presidente, eu não gosto’. Se eu tivesse respondido que gosto, ele daria prosseguimento à conversa. De que forma eu falo não? Então, eu tenho que falar que não gosto. É humilhante. Ele constrange.”

“Ele falou assim: ‘Vai lá, toma um banho e vem aqui depois para a gente conversar sobre sua carreira’. Não entendi. Na porta do quarto dele. Ele do lado de dentro (do quarto) e eu um metro para fora. Falei assim: ‘Depois a gente conversa, presidente’. Achei aquilo um absurdo. Não ia entrar no quarto dele. Fui para meu quarto e entrei em pânico.”

“Ele abriu a porta com um short, parecia que estava sem cueca. Não estava decente. A sensação que tinha era que estava sem (cueca). Muito ruim a sensação.”

“Tenho pânico de ter que trabalhar com ele. Tenho medo da pessoa. Agora eu tento literalmente me esconder nas agendas.”

“Agora, quando viajo, coloco cadeira na porta do quarto. Fico com medo de alguém bater.”

“Ele veio e enfiou o celular e o cartão no meu bolso e falou: ‘Eu vou botar aí na frente’. Na hora, não tive reação. Pensei: ‘Botar na frente? Fiquei meio assim…”

“Ele passou a mão em mim. Foi um absurdo. Ele apertou minha bunda. Literalmente isso.”

“Hoje ainda trabalho nas agendas de vez em quando. Mas tento não ficar perto. Quando tenho que viajar, tenho crise de ansiedade.”

“Aí ele disse: me abraça direito, porra. E deu umas catracadas, e passou a mão em mim. Na hora de tirar a mão, passou a mão no meu peito.”

“A gente tinha muito receio, porque a corda arrebenta sempre do lado mais fraco, porque em qualquer lugar em que vá essa denúncia ele pode ter um infiltrado. E isso afeta o resto do meu encarreiramento, no aspecto profissional. Então, era melhor esperar passar”.

FONTE: Metrópoles/Folha de São Paulo/O Globo/Revista Veja/Portal G1/Feeb-SP-MS

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