SÃO PAULO (25/OUTUBRO/2022) – Com a inflação e taxa de juros nas alturas, o endividamento segue curva ascendente no Brasil, com destaque para as mulheres: dados do mês de setembro mostram que 80,9% delas têm débitos pendentes. O aumento foi de 5,9 pontos percentuais em relação ao mesmo mês de 2021. Já entre os homens, os endividados são 78,2%. As informações são da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
A maior parte das dívidas, independente do gênero, se concentra no cartão de crédito (85,6%). Em seguida, vêm os carnês (19,4%), o financiamento de veículos (9,6%), o crédito pessoal (9,1%) e o financiamento de imóvel (7,9%).
Os dados também mostram que 79,3% das famílias estão endividadas, ou seja, possuem débitos a pagar, como empréstimos, financiamentos ou compras parceladas. Além disso, 30% estão inadimplentes, com débitos que não foram quitados no tempo pré-determinado pelo contrato.
Segundo a especialista em educação financeira Aline Soares, o chamado “rotativo” no cartão de crédito é um dos grandes vilões. Isso acontece porque ele é acionado quando o consumidor não paga a fatura total até o vencimento.
De acordo com dados do Banco Central, o rotativo do cartão de crédito registrou R$ 159,3 bilhões em novos empréstimos até junho deste ano. Esse foi o maior nível para o período desde 2014, quando foram concedidos R$ 174,7 bilhões.
Além disso, o BC também revelou que, em setembro, a taxa média de juros cobrada pelos bancos nas operações com cartão de crédito rotativo subiu 3,5 pontos percentuais para 398,4% ao ano, o que é a maior taxa desde 2017.
Aline ressalta que o número de famílias que usam o cartão de crédito para pagar contas corriqueiras, como compras de supermercados, aumentou, segundo pesquisa da CNC divulgada no primeiro semestre deste ano.
“Se você usa o cartão de crédito para as compras no supermercado e ainda parcela essas compras, o que tem que pensar é: as parcelas vão continuar vindo na fatura, mas as compras de alimentos que você fez provavelmente já vão ter acabado. Então, a dica para ajustar as contas, se você precisar recorrer ao cartão de crédito no supermercado, é pesquisar preços e substituir produtos e marcas por opções mais baratas”, diz a especialista.
FONTE: O Globo/Contec